Veja o que é o Site Cidade Democrática e Participe.


Crédito: Arquivo pessoal


São 12 mil cadastrados que já interagiram com cerca de cinco mil temas, por meio de 40 mil atividades registradas, entre comentários e apoios das propostas publicadas.  Tudo isso envolve as ações daplataforma Cidade Democrática, voltada especificamente para estimular a participação política, em que cidadãos e entidades podem se expressar, se comunicar e gerar mobilização para a construção de uma sociedade melhor. Para entender como funciona esse tipo de interação, Rodrigo Bandeira de Luna, mestre em administração pública e governo e formado em administração de empresas com especialização em terceiro setor, explica essa ferramenta de webcidadania, a participação dos cidadãos e propostas que deram certo em algumas localidades. Confira a entrevista abaixo:

Portal Setor3 – Como foi criada a iniciativa? Em que contexto? 

Rodrigo Bandeira de Luna – O Cidade Democrática nasceu de uma inquietação minha. O governo não sabia o que era para fazer. Trabalhei em espaços de decisão no poder público como assessor e lá tive oportunidades de ver como governo tem ações reativas. Não tem como ser gestor público se ele não sabe o que é para ser feito. A gente não diz o que é para fazer, a gente não vai até o vereador para dizer que o prédio está destoando da paisagem, que irá atrair mais carros, que prejudicará a vizinhança. Nossa proposta é que não sejam construídas nessa região para ter melhor infraestrutura de transporte. A gente não diz, por não termos muita cultura. Não há uma cultura da participação por dois motivos: não há canais e os canais existentes não são preparados para receber sugestões. Muitas vezes usam esquema de empresa, com olhar privado. Nesse sentido, é preciso escutar as pessoas, sem cair na lógica disque 0800. Precisamos exercitar o falar, o manifestar o desejo, nossos sonhos. Tudo isso para atuar de forma mais colaborativa, e não reclamando. Essas pessoas que querem falar terem espaços para propor. Não existe verdade absoluta. O que nós estamos propondo é o que deveria ter sido feito sempre. Criamos o Instituto Seva para envolver o projeto Cidade Democrática, ser a pessoa jurídica. 



Portal Setor3 - Das cinco opções (reportar problemas da sua cidade, propor sugestões para problemas coletivos, apoiar soluções, contribuir com ideias e responder perguntas chaves, e localizar/fotografar/documentar suas ações), qual é a mais utilizada pelos usuários?
RBL- O que mais vemos é a necessidades das pessoas falaram. Há mais inclusão de propostas, do que interações, como apoios e comentários. Junta, por exemplo, 10 pessoas que fazem três propostas e poucos comentários. Isso mostra que as pessoas estão carentes de espaços para expressar seu desejo, que ainda se percebem sozinhas e falta darem uma olhada para se unirem com aqueles que incluíram propostas semelhantes. Nós não perguntamos o perfil do usuário. Hoje temos 12 mil cadastrados. Essa plataforma tem como foco as propostas, a interação com o coletivo. O que, para nós, une, fortalece um tecido social com propostas conectadas ao espaço coletivo. Se focarmos nas pessoas, iria ao privado, seguiria um caminho de redes sociais individuais.


Portal Setor3 - O Observatório funciona como um boletim?

RBL- Serve para cadastrar temas e territórios de interesse. Tudo o que acontecer nesse recorte, durante semana, vem em um boletim. É possível interagir com as propostas.  



Portal Setor3 - Quantos temas já foram debatidos nesse espaço?
RBL- As palavras chaves estão em torno de cinco mil. São registradas em 40 mil atividades, entre comentários e apoios. Deveria ser muito mais, mas a tendência, conforme amadurece em determinado local, é que as pessoas colaborem mais com as propostas que já existem.



Portal Setor 3- Como funciona o concurso Cidade Democrática?
RBL- Já foi realizado em quatro oportunidades. Há três exemplos emblemáticos: em Jundiaí (SP); em Várzea Paulista (VP- SP) e na região da Berrini, na zona sul da capital paulista. São três recortes territoriais diferentes: cidade, universidade e bairro. Os temas para cada localidade também são diferentes. Trata-sede um produto para ONGs, governos e empresas interessadas em contribuir em novos modelos de cooperação e governança local. O Concurso Cidade Democrática é uma estratégia que permite identificar desejos coletivos em relação a territórios e causas, a partir da participação de diversos públicos, utilizando as redes sociais, encontros presenciais, metodologias de construção coletiva, ferramentas de mapeamento e de análise de informação. 



No caso de Jundiaí, quem nos procurou foi uma ONG chamada Voto Consciente, em conjunto com outras organizações. Já na região da Berrini, em São Paulo, foi uma construtora. E em Várzea Paulista foi a prefeitura para discutir um planejamento para 2022. 



Em VP, surgiu a partir do interesse do prefeito. No ano passado, ele conhece os trabalhos na cidade de Jundiaí e pediu ajuda para ele construir um processo para pensar em Várzea em 2022. Nós mobilizamos pessoas e capacitamos. 



Conduzimos ainda campanhas para tomada de decisão e analisamos atividades. 
Já, no bairro Berrini, em 2010, uma construtora nos procurou para ajudar a ver o impacto local com o desenvolvimento de um empreendimento imobiliário. Quem comprasse um apartamento ganhava uma bicicleta com dois anos de manutenção, além de incentivar o compartilhamento de automóveis. A ideia era responder ao grave problema de trânsito, que é bem marcante nessa localidade. Nós ajudamos a discutir o tema de mobilidade e mobilizamos especialistas nesse tema, cicloativismo e boas práticas. No final de tudo, fizemos um flash mob chamado invasão das galinhas. 



Para participar, são três passos. Primeiro você mobiliza, com recorte de interesse para discutir mobilidade urbana na região, depois conecto pessoas e peço para ampliar o círculo de atores e apresento ações de comunicação e capacitação, basicamente são ferramentas de webcidadania e táticas para promoção de causas usando diferentes mídias e causas públicas. Essas são propostas interessantes e tem algumas palavras utilizadas. Ajudou a entender para aonde a comunidade está querendo ir. 



Portal Setor3 - De que forma vocês estão colaborando para mobilização de construção de novas propostas? Que sugestão foi comentada e criou-se um projeto, ou um programa?
RBL- Até hoje algumas proposta foram implementadas com sucesso. Tem uma emblemática. Luciana Viegas, em VP, criou um curso de línguas para crianças com deficiência de baixa renda. O projeto chama-se Young Dreamers. Ela conseguiu muito apoio. Isso foi incorporado pela prefeitura de Várzea Paulista e com a promessa que será implementada. Essa proposta surgiu lá da criação do Centro de Juventude de VP, já saiu do papel no começo deste ano. Já estão sendo realizados capacitações. No concurso de Várzea 2022 foi comprado. Estamos pulverizando pessoas que fizeram propostas, que estão ajudando no planejamento. 



Portal Setor3- Conte um pouco sobre USP Ocupa?
RBL- O trabalho começou há duas semanas. Surgiu da percepção de alguns alunos da Universidade de São Paulo (USP) podem contribuir com as discussões e o processo eleitoral. Já foram feiras entrevistas com os candidatos. A cidade precisa dessas contribuições. Conta com parcerias das seguintes faculdades: Escola de Comunicação e ArtesFaculdade de Arquitetura e UrbanismoFaculdade São Francisco e Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. A ideia é aumentar dentro do campus. 



Portal Setor3- Como é usar uma ferramenta digital para discutir temas públicos? Qual importância?
RBL- Precisa amadurecer bastante. Está no processo. As ferramentas estão mostrando muitos caminhos. Nosso desafio é envolver a sociedade nessas coisas. No fundo, é permitido a forma como se participa das decisões sobre as questões públicas e como se toma decisão. No futuro, a tomada de decisão será com base no coletivo.

Fonte: Site setor3.com.br

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