É possível aprender outro idioma antes dos 7 anos?
Especialistas respondem se as crianças conseguem aprender inglês e outras línguas quando pequenas
Foto: NANA SIEVERS
Antes dos 7 anos, as crianças fixam melhor os sons de outra língua
Uma língua estrangeira pode ser aprendida em qualquer idade. Porém, quanto mais cedo o estudo começar, maiores são as chances de a criança dominar o idioma e falar com fluência. "Crianças de 4 anos ou até menores podem começar a ser expostas ao idioma de forma lúdica. Ao se encantarem com o ambiente criado em sala de aula, vão adquirindo gradativamente o domínio da linguagem", diz Maria Lucia Willemsens, diretora superintendente da Cultura Inglesa. Brincar, dizem os especialistas, é o melhor meio de ensinar nessa faixa de idade. E a participação dos pais é muito importante para que o aprendizado seja efetivo.
É nessa fase da vida que habilidades e sentidos, como a linguagem, a visão, a audição, a fala e as capacidades motoras se desenvolvem. "O período entre 0 e 7 anos é crítico para estruturar e fixar os sons da língua definitivamente. Depois ainda podemos aprender outros idiomas, mas com marcas de nossa primeira língua. Portanto, quanto mais jovens forem seus filhos, maiores serão as oportunidades cerebrais para a aquisição fluente e com redução de sotaques de uma língua estrangeira", afirma Eloisa Lima, mestre em neurolinguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Quando a exposição ao idioma é natural e ainda na infância, a aquisição do idioma tende a ser subconsciente e, portanto, independe de aptidão ou vocação para aprender uma língua, ressalta Vanessa Tenório, mestra em educação pela University of Bath, na Inglaterra.
- Qual a melhor maneira de ensinar idiomas para uma criança pequena?
- As brincadeiras, as atividades lúdicas são o melhor caminho. "Uma escola de idiomas para crianças deve atender a esse fim: brincar. Se uma escola que trabalha com crianças ensina uma língua apenas dentro de uma sala, não se adequa ao comportamento infantil e a criança perde o interesse", diz Eloisa Lima, mestre em neurolinguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ela, é comum a criança ingressar em uma escola de idiomas contente, motivada. Mas quando as aulas ganham um caráter de rotina repetitiva, a criança pede para sair do curso. Portanto, o currículo do curso não pode ser baseado em listas de vocabulário e frases repetidas sem utilidade prática, conforme alerta Fátima Tenório, mestra em educação pela University of Bath, na Inglaterra.
- O que os pais devem observar na hora de escolher o curso de idiomas?
- Os principais fatores a considerar são a qualidade da proposta pedagógica e dos professores. Os professores devem ser fluentes no idioma e a proposta deve ser organizada de forma que a criança esteja o tempo todo em contato com o idioma e participando de atividades que sejam significativas, explicam Fátima e Vanessa Tenório, mestras em educação pela University of Bath, na Inglaterra. "Além disso, as atividades propostas não devem exceder o tempo de concentração das crianças, para que não se tornem cansativas", diz Eloisa Lima, mestre em neurolinguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).Outro ponto importante é procurar entender como a escola lida com a emoção, que está diretamente relacionada à motivação. "Se a criança está feliz em participar das aulas, se vai à escola de boa vontade e gosta das atividades realizadas, temos bons indícios de que a abordagem está adequada", afirma Maria Lucia Willemsens, diretora superintendente da Cultura Inglesa.
- É preciso um período de adaptação antes de começar o curso?
- Por ser um novo ambiente, há sim um período de adaptação das crianças, especialmente das menores. "A adaptação é bem semelhante à vivida na escola, apesar de o período do curso ser menor que o das aulas. Evitar faltar às aulas durante a fase de adaptação é fator decisivo", diz Eloisa Lima, mestre em neurolinguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
- Como proceder se a criança quiser desistir de estudar idiomas?
- É fundamental saber perguntar e ouvir a criança para entender os motivos da desistência, diz Maria Lucia Willemsens, diretora superintendente da Cultura Inglesa. "Faça perguntas diretas, como: você gosta de aprender inglês? Você fica cansado quando acaba a aula? Você brinca na aula? A aula é divertida? Você tem muitos amiguinhos no curso? Qual o seu melhor amigo? Essas perguntas darão boas dicas para saber se existe algum problema", explica Maria Lucia. Por vezes, segundo ela, o problema não está relacionado a gostar ou não de idiomas, mas ao cansaço, à sensação de fome por ter ficado muitas horas sem comer, ou a atividades desinteressantes durante a aula.
- Como os pais podem incentivar seus filhos a estudar idiomas?
- Os pais podem ajudar realizando com os filhos atividades em que ele tenha que exercitar o idioma. Isso pode ser feito por meio de filmes com áudio original, músicas, atividades no computador, leitura, conforme explica Vanessa Tenório, mestra em educação pela University of Bath, na Inglaterra. Se os pais não dominam o idioma, eles devem tomar cuidado para não passar insegurança à criança. "Aprender com as crianças é divertido para toda a família, então, os adultos não devem deixar transparecer se tiverem resistências ou frustração por não conhecer bem o idioma", diz Eloisa Lima, mestre em neurolinguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, o simples ato de perguntar à criança o que ela aprendeu naquele dia e ouvi-la atentamente, valorizando suas respostas, irá motivá-la a continuar a aprender, diz Maria Lucia Willemsens, diretora superintendente da Cultura Inglesa.
Fonte: Educar para Crescer
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