Saúde e medicação na escola

Especialistas indicam como pais e professores devem agir para ter controle sobre o bem estar de uma criança no universo escolar



Reportagem de  Marion Frank                                        Foto: Mauricio Melo
Foto: Fique atento às práticas que não são recomendadas quando se trata da saúde escolar do seu filho
Fique atento às práticas que não são recomendadas quando se trata da saúde escolar do seu filho


Quando a saúde da criança está em jogo, todo cuidado é pouco. Tudo acontece muito rápido e o que parecia inofensivo, zás, corre o risco de se tornar grave; a criança se machuca de tal modo que precisa (rápido!) de atendimento especializado; ou toma remédio (na classe, no recreio) sem dar satisfação a quem quer que seja. Situações clássicas da rotina escolar, que exigem informação prévia sobre como agir para evitar o pior: a saúde infantil colocada em risco por mau desempenho de professores e pais.

Saiba, a seguir, o que deve ser feito segundo a orientação de especialistas em atividade em colégios e hospital da capital paulista.


1. Remédios devem ficar aos cuidados da enfermaria

É dever dos pais informar a direção da escola sobre que tipo de medicação o filho está habituado a tomar diariamente. "Os remédios precisam estar acompanhados das receitas médicas, com todos os dados necessários, da dosagem ao horário adequado de tomar", comenta Patricia Bertachini Bissetti, orientadora pedagógica do Ensino Infantil do Colégio Pio XII. Regra que também vale para o que é prescrito pela homeopatia, acrescenta a especialista.

2. Soro fisiológico só com receita médica

Em uma grande cidade como São Paulo, o ar vira e mexe fica seco e é agravado pela poluição. Para contornar o problema, há mães que recomendam aos filhos usar soro fisiológico durante as aulas, ‘lubrificando’ a respiração a todo instante. Está errado. "É preciso que a direção da escola oriente as mães com firmeza, afinal, a criança não faz ideia de quanto soro fisiológico pode usar...", alerta Patricia. "Parece inofensivo, mas não é". Moral da história: só com receita médica o uso desse tipo de soro pode ser liberado pela escola.

3. Professores não devem medicar

O professor, que nada sabe sobre o histórico de saúde dos seus alunos, fica preocupado com o bem estar de um deles, que está reclamando de dor de cabeça. Atenção: esse professor não deve tomar a iniciativa de dar um remédio, pensando em resolver a queixa da criança. Ilse Saparovek, da administração do Colégio Humboldt, é enfática sobre o tema. "Trabalhamos há anos com os serviços de uma clínica especializada, que atende todo tipo de situação que envolve os nossos alunos dentro da escola", afirma. "Não damos receita, muito menos tomamos a iniciativa de dar um remédio, sem a autorização dos pais".

4. Pomadas não estão liberadas

A criança corta o dedo com a tesoura, é picada por um inseto ou mordida pelo colega... A intuição pode dizer que o correto é passar alguma "pomadinha", mas o médico Marum David Cury, diretor da Clínica Infantil Santa Isabella, atenta para a responsabilidade da escola: "mesmo que seja um corte leve ou outro tipo de escoriação sem gravidade, a escola deve pedir permissão aos pais, antes de encaminhar a criança para a enfermaria com a intenção de aplicar uma simples pomada", afirma. 

Não há atendimento médico no colégio? Mais cuidado se faz necessário, porque o professor não está habilitado para fazer diagnósticos, seja ele qual for. Basta telefonar para um dos responsáveis da criança e evitar transtornos

5. Em caso de acidente grave, a escola deve chamar os responsáveis


Há uma lei em vigor no município de São Paulo (no. 15.123, de janeiro de 2010) , que promove a capacitação de professores no atendimento de Primeiros Socorros de modo a torná-los capazes de atender a uma emergência (fratura e corte, por exemplo). Outra lei municipal (no. 13.946, de janeiro de 2005), determina a obrigatoriedade de ter à disposição um desfibrilador cardíaco (para atender parada cardíaca) em recintos com circulação diária de 1500 pessoas (caso da escola, entre outros). Na prática, porém, a lei é interpretada de outro modo: no caso de ser necessária uma avaliação médica mais acurada, a escola entra em contato com os pais por telefone, avisando sobre o estado de saúde da criança; e só então, com o consentimento familiar, essa criança será conduzida ao hospital ou clínica de preferência. 

Entretanto, algumas escolas optam em criar parceria com clínicas especializadas em lugar de capacitar os seus funcionários (como recomenda a lei). A equipe médica de Marum David Cury, diretor da Clínica Infantil Santa Isabella, por exemplo, faz o acompanhamento diário dos alunos do Colégio Humboldt há 30 anos. "E, mesmo se tratando de crianças ‘sadias’, temos a preocupação de falar com o pediatra de confiança da família, no caso da criança aparecer como frequência no ambulatório da escola", revela. 

Mas, e se esse tipo de atendimento especial não existe dentro da escola ou nem próximo dela, como agir frente a um acidente mais sério? "Cabe ao professor chamar o Samu ou os bombeiros da localidade - eles estão preparados para atender a todo tipo de emergência", orienta Marum. "Use sempre o bom senso, em vez de agir de modo heroico, tentando resolver tudo sozinho."

6. Comunicação e orientação fazem a diferença

Antes do início das aulas, é costume a direção de uma escola transmitir orientações aos pais sobre a rotina em período das aulas, divulgando regras de conduta que vão facilitar a comunicação entre pais e professores, sempre pensando em criar as melhores condições para a criança aproveitar ao máximo o tempo gasto naquele ambiente. Cabe à escola, por exemplo, dar aos pais uma ficha a ser preenchida com dados sobre a saúde do futuro aluno. Mas, quando a escola não se preocupa em agir de modo precavido, o que se deve fazer? "Cabe ao professor tomar essa iniciativa ou ela poderá ser responsabilizado, caso aconteça algo grave com a saúde dos seus alunos", destaca a orientadora pedagógica Patricia. Como? "Ele pode enviar um bilhete aos pais, no início das aulas, pedindo a relação dos remédios, junto das receitas, que aquela criança precisa tomar todos os dias", diz ela. Será também de grande utilidade, na opinião da especialista, ter uma conversa direta com os pais sobre os riscos de a criança se automedicar.

Fonte: Educar para crescer

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