Tudo o que você precisa saber sobre a logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas.
Chamamos de logística reversa o sistema que possibilita o descarte, transporte, manejo e reciclagem de bens de consumo, para que sejam convertidos novamente em matéria-prima para a indústria. Trata-se da união dos esforços de quem fabrica, distribui, comercializa, usa e recicla, em nome da destinação ambientalmente adequada de resíduos, já que o descarte destes materiais na natureza ou em aterros sanitários impossibilita a exploração de seu potencial econômico, além de ser prejudicial ao ambiente.
Para que seja viável, a logística reversa precisa ser implementada por meio de uma rede de serviços especializados — que são realizados pela Green Eletron, gestora sem fins lucrativos para a logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas, e suas empresas associadas —, necessários para que todos os estágios sejam alcançados de forma segura e rastreável. Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), onde a população pode descartar seus equipamentos usados, garantem a participação do consumidor nessa lógica.
A logística reversa possibilita uma resposta ambientalmente responsável ao modelo linear de produção, que limita a vida útil de produtos de acordo com a ideia de extração de matéria-prima, produção, consumo e descarte. Essa lógica linear está obsoleta há muito tempo, já que ignora as possibilidades e o potencial que muitos resíduos têm, quando manejados e reciclados de forma correta.
Uma preocupação com o modelo linear de produzir, consumir e descartar é o esgotamento das reservas naturais. Quando, no passado, descobrimos a abundância de matérias-primas no planeta Terra, logo começamos a explorá-la como se elas fossem infinitas. Hoje, sabemos que essa não é a realidade. Alguns elementos podem deixar de existir na natureza em menos de 100 anos. Efetivamente, isso significaria uma insegurança econômica e uma alta volatilidade nos preços se não pensarmos em uma alternativa melhor.
Além disso, o modelo linear não é mais energeticamente possível. Isso porque 75% de toda a energia gasta na indústria é aplicada apenas na extração e refinamento de matéria-prima, segundo a Ellen MacArthur Foundation. Ao mesmo tempo, estamos atingindo cada vez mais rápido a sobrecarga anual do nosso planeta. Esse dado, calculado pelo laboratório de pesquisas Global Footprint Network, indica a data em que o planeta entra em sobrecarga, ou seja, o momento do ano em que nosso consumo passa a representar ônus de recursos naturais. Em 2019, atingimos em julho o consumo esperado para o ano todo.
Isso quer dizer que a economia de recursos é uma das maiores urgências do nosso tempo. O modelo de produção linear, portanto, passa a ser inimigo das nossas reservas naturais, ao qual a logística reversa é uma alternativa viável, por meio da extensão da vida útil dos produtos e exploração de todo o seu potencial.
O que é economia circular?
A economia circular é uma nova proposta de cadeia produtiva, baseada no princípio de eliminar a geração de rejeitos e repensar o valor e utilidade dos resíduos. A Economia Circular propõe uma nova forma de pensar, produzir e utilizar os bens e serviços, revertendo os impactos negativos que são gerados em nosso modelo de produção, consumo e descarte tradicional.
Inclusive, o Brasil é um dos poucos países que conseguem completar o ciclo da economia circular em um mesmo território. Isso quer dizer que temos a fabricação nacional de produtos, o mercado consumidor e a tecnologia para reciclar esses materiais após o uso e inseri-los em novos ciclos produtivos.
Neste novo conceito de economia, novas estratégias e modelos de negócios são implementados pelas empresas, de modo a reimaginar toda nossa concepção e relação com os bens e serviços que adquirimos.
Apesar de apresentar formas novas de produzir, o conceito de economia circular existe há mais de 40 anos. A ideia é que, além da possibilidade de reuso dos materiais, temos que desenvolver produtos com vida útil mais longa, que possam ser facilmente consertados. Isso contribui com o modelo circular pois, quando os produtos duram mais, o descarte é menor e quando acontece, é feito de modo adequado, permitindo a recuperação das substâncias e materiais destes produtos. Para isso, é importante contar com a colaboração das Indústrias, que devem repensar o design de seus produtos levando não só o tempo de vida de um produto, mas também os materiais que serão usados em sua constituição.
O sucesso do novo modelo depende também da participação do consumidor que, além repensar seus hábitos de consumo, deve descartar seus resíduos de forma correta, para que possa ser realizada a reciclagem dos materiais.
As empresas que implantarem medidas referentes à economia circular devem sair na frente, uma vez que o debate do desenvolvimento sustentável e da responsabilidade social está cada vez mais latente na sociedade. Além disso, a mudança pode ser também economicamente vantajosa: a economia circular deve movimentar cerca de 1 trilhão de dólares mundialmente na próxima década, segundo dados do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
As implicações legais da logística reversa para empresas
Foi aprovado em fevereiro de 2020, pelo Ministério do Meio Ambiente, o Decreto Nº 10.240. O documento é um complemento à Política Nacional de Resíduos Sólidos e estabelece diretrizes para o controle do resíduos eletrônicos no Brasil. A assinatura representa um grande passo para a reciclagem de equipamentos eletroeletrônicos. O Decreto define alguns objetivos que devem ser cumpridos por fabricantes, importadores, distribuidores e pelo varejo, que por sua vez são responsáveis pelo recolhimento, transporte e reciclagem dos produtos.
As operações precisam ser colocadas em prática já em 2021, quando inicia-se o período de contabilização das metas previstas no Decreto. A porcentagem de coleta e destinação final foi estabelecida de forma crescente, da seguinte forma:
Para os anos posteriores, o texto receberá aditivos estabelecendo novas metas.
O Decreto Nº 10.240 contempla apenas a reciclagem de produtos de uso domiciliar, como computadores, impressoras, geladeiras, ar-condicionados etc. Para realizar esse trabalho, a partir de 2021 as empresas podem escolher um modelo de logística reversa coletiva ou individual. No individual, o fabricante ou importador assume a responsabilidade de instalar Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) em cidades com mais de 80 mil habitantes e comunicar o consumidor da oportunidade de descarte responsável, além de garantir que os materiais coletados serão manuseados e transportados para uma recicladora de forma controlada, garantindo o rastreamento de todos os estágios do processo. O sistema coletivo tem as mesmas implicações, mas os custos são divididos entre as empresas associadas e fica a cargo da gestora contratada garantir a reciclagem do material.
Vale destacar que a simples contratação de uma empresa de gerenciamento de resíduos, ou a prática comum de vender (por meio de leilões) os equipamentos antigos da empresa, não isenta o fabricante de possíveis danos que eventual destinação final inadequada destes resíduos venha a causar. Por isso é crucial que as empresas tenham ciência de quem estão contratando ou a qual gestora estão se associando, para assegurar a segurança e a rastreabilidade de todo o processo da logística reversa.
O varejo, por sua vez, pode realizar parcerias com entidades gestoras da logística reversa para viabilizar a instalação de pontos de coleta em lojas estrategicamente localizadas, ou seja, em estabelecimentos de grande circulação e de fácil acesso para as pessoas. Além disso, é também papel do varejo divulgar o sistema de logística reversa, fazendo com que o consumidor conheça e faça parte desta dinâmica.
O Decreto exige ainda que as empresas apresentem um cronograma anual, detalhando seus planos de implementação da logística reversa, também seus planos de comunicação e de educação ambiental. Quem descumprir suas diretrizes pode ser autuado e resultar na aplicação de multas, que variam com a gravidade da negligência, além de eventuais questionamentos sobre possível crime ambiental.
As diferenças entre o Decreto Nº 10.240 para a Logística Reversa de Eletroeletrônicos e o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Ambas as medidas têm como objetivo o gerenciamento responsável de resíduos produzidos, mas diferem em na área de atuação. O Acordo Setorial para a Logística Reversa de Eletroeletrônicos é um documento que estabelece diretrizes coletivas, que devem ser seguidas por fabricantes, importadores, distribuidores e varejistas de pilhas, baterias e produtos eletroeletrônicos de uso domiciliar. Ou seja, a Logística Reversa trata dos resíduos descartados pelos consumidores domésticos. Nesse caso, a responsabilidade de estabelecer uma rede de logística reversa é compartilhada pelos setores.
O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), por sua vez, diz respeito a fabricantes que gerem resíduos em sua planta fabril ou que não sejam resíduos equivalentes aos de uso doméstico, como grandes volumes em empresas, ou resíduos de mineradoras, hospitais, shopping centers, etc. O PGRS é uma obrigatoriedade que consta no artigo 20 da Política Nacional de Resíduos Sólidos, exigindo das empresas um relatório detalhado do gerenciamento dos resíduos gerados em sua atividade.
Ou seja, a mesma empresa pode ser obrigada a redigir um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, para tratar dos resíduos gerados em sua atividade produtiva e implementar um sistema de logística reversa, para receber de volta os seus produtos usados, descartados pelos consumidores.
Quem tem que fazer a logística reversa?
Segundo o Decreto Nº 10.240, precisam implementar um sistema de logística reversa as empresas de pequeno, médio e grande porte que importam, fabricam, distribuem ou comercializam eletroeletrônicos de uso domiciliar, como computadores, eletroportáteis, celulares, televisores etc.
A Green Eletron
Em 2016, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica) fundou a Green Eletron, entidade sem fins lucrativos para a gestão da logística reversa de equipamentos eletroeletrônicos e pilhas, como uma resposta à crescente demanda deste tipo de expertise por parte das empresas, governo e sociedade. O objetivo era auxiliar no cumprimento das exigências da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (lei 12.305/2010) por meio de um sistema coletivo e inteligente de Logística Reversa que atenda a suas associadas de forma eficiente e econômica.
A Green Eletron reconhece que este é um trabalho muito importante, que deve ser realizado com o maior cuidado. Por isso, trabalha com parceiros de reconhecida experiência no ramo e coordena os estágios da logística reversa (coleta, transporte e destinação final) sempre de perto, para garantir segurança, rastreabilidade e conformidade com a legislação durante o processo.
Não é apenas com as empresas associadas à Abinee que podem se associar à Green Eletron. Qualquer fabricante, importador ou distribuidor que coloque produtos no território brasileiro também pode ser uma associada da Green Eletron e fazer parte deste sistema coletivo de logística reversa. Hoje, são 65 marcas que comercializam aparelhos eletroeletrônicos e pilhas que já participam financiando esta operação, além dos parceiros do varejo, que estão hoje entre os principais do país.
Promover o reaproveitamento de resíduos e a economia circular também faz parte da missão da gestora. Ao tornar acessível seus serviços ao maior número de empresas possível, a Green Eletron busca maior eficiência, segurança e abrangência desse novo modelo de interação entre os produtores e os consumidores, propondo eliminar um grande problema da nossa sociedade: a geração de lixo.
Qual o papel do varejo na logística reversa?
Para que a população participe ativamente da logística reversa, é preciso que sejam instalados Pontos de Entrega Voluntária em locais acessíveis e com grande fluxo de pessoas. Por isso o varejistas oferecem uma plataforma ideal para o sucesso da logística reversa, por serem o estágio da cadeia de produção mais próximo do consumidor. Além disso, o varejo é parte importante como canal de comunicação, por isso deve exercer funções cruciais na transição para a economia circular na sociedade.
O que a Green Eletron reciclou em 2019?
Tendo em vista a assinatura do Acordo Setorial, o ano de 2019 foi de grande expansão para a Green Eletron, já buscando se antecipar e enviar um sinal claro á sociedade e ao governo de que o setor empresarial estava pronto para iniciar esta operação.
Ao longo deste ano, foram instalados 169 pontos de coleta voluntária, um aumento de cerca de 370% em relação ao ano anterior. O número de cidades cobertas pela gestora também cresceu, assim como as pessoas beneficiadas pelas medidas de logística reversa de eletroeletrônicos promovidas em todo o estado de São Paulo. Como consequência, a quantidade em peso dos produtos recolhidos pela Green Eletron quase duplicou de um ano para o outro.
Foram coletados 514 toneladas de eletroeletrônicos em 2019. Deste montante, foram 171 toneladas apenas de pilhas. O objetivo para 2020, agora com o Acordo já assinado e o Decreto em vigor, é expandir mais ainda o número de pontos de coleta, aumentando consideravelmente a quantidade recolhida e consequentemente reciclada. Confira a evolução da abrangência da Green Eletron no Brasil.
Pontos de Entrega Voluntária (PEVs)
Para melhor atender ao público que fará o descarte dos mais variados tipos e tamanhos de eletrônicos, a Green Eletron desenvolveu cinco tipos diferentes de Recipientes para Coleta. Eles foram projetados para garantir quatro elementos essenciais para o funcionamento da logística reversa, que são:
- Demanda de descarte: a recomendação é de que os PEVs sejam sempre instalados em locais de grande circulação de pessoas, como shopping centers e supermercados, para que o maior número de pessoas possa descartar seus resíduos. No entanto, lugares diferentes têm demandas de coleta diferentes. Por isso, os cinco modelos de coletor visam o melhor atendimento do volume de público dos lugares onde são instalados. Por exemplo, a demanda de um shopping center será consideravelmente maior do que a de uma farmácia, e consequentemente exige um coletor com maior capacidade de armazenamento.
- Espaço disponível: antes de instalar, a Green Eletron realiza uma visita técnica ao local que receberá o coletor, para que seja avaliado qual modelo melhor se encaixa no espaço disponível no estabelecimento. Esse parecer é necessário para que as atividades comerciais do local não sejam obstruídas pelo PEV.
- Estética e informação: além de não obstruir o espaço físico do local onde são instalados, os coletores são também pensados para serem elementos visualmente agradáveis ao olhar do consumidor. Além disso, os PEVs vem com informações sobre o descarte responsável, orientando a população.
- Segurança: os coletores foram projetados para garantir que apenas a equipe de profissionais da Green Eletron tenha acesso direto aos resíduos depositados. Trata-se de uma medida de segurança, necessária para o sucesso da logística reversa. Dessa forma, os coletores têm design que impede que o consumidor tenha contato com os aparelhos, além de permanecerem trancados.
Conheça os diferentes modelos de Pontos de Entrega Voluntária da Green Eletron.
Qual o custo de um sistema coletivo?
O Acordo Setorial para a Logística Reversa de Eletroeletrônicos prevê diretrizes para implementação de uma elaborada infraestrutura que permita o descarte, coleta e destinação final dos resíduos, executado de forma conjunta entre os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos eletroeletrônicos de uso domiciliar. Para garantir que as metas do Acordo sejam alcançadas, as empresas podem implantar um sistema próprio de logística reversa, gerenciando todas as etapas do processo (fabricação e instalação dos coletores, comunicação, coleta, transporte, reciclagem e reporte), ou participar de um sistema coletivo para realizar esse trabalho — é esse o papel da Green Eletron.
Em ambos os casos, é preciso criar uma rede de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) em cidades com mais de 80 mil habitantes, além de desenvolver uma estratégia de comunicação para que a população tome conhecimento da oportunidade e importância de descartar seus resíduos eletroeletrônicos de forma responsável, sendo necessário também traçar estratégias de educação ambiental replicáveis no país.
No caso do sistema coletivo da Green Eletron, os custos podem variar de acordo com alguns fatores. O cálculo das mensalidades é feito antes da adesão da empresa e todo o dinheiro arrecadado é revertido em serviços prestados, já que a gestora não tem fins lucrativos. Os custos de operação são divididos entre todas as associadas proporcionalmente.
Um dos fatores que determinam o preço do sistema coletivo é o tipo e a quantidade de produtos que a empresa colocou no mercado, pois isto impacta diretamente em uma das metas a serem reportadas. Segundo o Acordo Setorial, o equivalente em peso a 17% da produção de 2018 deverá ser reciclado em 2025, com metas crescentes e anuais até esta data.
Logo, quanto maior o volume de produção do fabricante, mais produtos deverão ser coletados – e maior o custo da logística reversa. Ainda é preciso considerar que alguns produtos custam mais do que outros para serem reciclados. Questões de transporte e distância entre o ponto de coleta e a recicladora também pesam no cálculo da mensalidade.
Além disso, são incluídos na equação os custos administrativos e investimentos em estrutura que a Green Eletron tem para oferecer um serviço de qualidade. São contemplados nesta conta gastos com funcionários, viagens, comunicação, questões jurídicas e de contabilidade.
Como é feita a reciclagem de pilhas e baterias?
O processo de reciclagem de pilhas e baterias começa com o consumidor, que nunca deve descartá-los no lixo comum para serem destinados a aterros sanitários ou na natureza. Desde o início da implantação dos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), a Green Eletron já coletou cerca de 98 milhões de pilhas, cuja reciclagem tem seis etapas distintas. Abaixo saiba quais os tipos de pilhas que podem ser depositadas nos coletores da gestora.
Todo o processo começa pelo descarte responsável, seguido pela coleta e transporte adequados, passando pela triagem do material e finalizando no tratamento e destinação final feito pelas recicladoras homologadas pela Green Eletron.
Nos recicladores das pilhas, alguns processos químicos e físicos são necessários. O primeiro deles é a trituração. Em seguida, os resíduos passam por um processo térmico de superaquecimento do material, em um forno industrial, para a separação e recuperação do zinco — o metal pode ser reaproveitado inclusive para a produção de novas pilhas. Para outros tipos de pilhas, utiliza-se um processo químico no qual são recuperados os sais e óxidos metálicos, que são também passíveis de serem utilizados como insumos na indústria.
Um etapa final contempla também o tratamento dos resíduos que sobram no processo, pois eles têm uso na produção de cimento, por exemplo.
Atualmente, já são mais de 2.200 pontos de descarte de pilhas no Brasil. Confira suas localizações.
Como é feita a reciclagem de eletroeletrônicos?
Assim como ocorre com as pilhas, equipamentos elétricos e eletrônicos de uso domiciliar dependem do consumidor para serem reciclados. A Green Eletron atualmente tem 228 coletores de eletroeletrônicos (no estado de São Paulo e no Distrito Federal), onde a população pode depositar celulares, aparelhos de DVD, liquidificadores e impressoras sem uso e muitos outros. Depois de recolhidos, os resíduos são transportados para uma empresa de reciclagem. A gestora já homologou duas recicladoras, a GM&C, de São José dos Campos, e a Sinctronics, em Sorocaba. Atualmente, no entanto, outras empresas estão passando pelo processo de homologação da gestora.
O material chega nessas instalações e passa por um processo de triagem por tipo de produto. De acordo com suas especificidades, os eletrônicos serão reciclados em grupos diferentes. Em seguida, um equipamento de última geração faz a trituração e a separação automática dos materiais, por densidade de cada elemento. Nesta etapa, já é possível obter os diferentes tipos de materiais separados por tipo, como plásticos, metais, papel, borracha, dentre outros.
No caso dos componentes que possuem metais raros e preciosos, como as placas de circuito impresso, estes são enviados a uma recicladora europeia, já que no Brasil não viabilizamos a tecnologia capaz de extrair esses elementos. O material extraído pode ser empregado na indústria de jóias desses países, por exemplo.
Depois de separados, cada resíduo vai para servir de matéria-prima em outros processos industriais, desde assoalhos até novas partes e peças de novos equipamentos eletroeletrônicos. O processo todo é muito eficiente e praticamente não gera rejeitos (resíduos não aproveitáveis), mas o que não pode ser recuperado tem sua disposição feita também de forma ambientalmente correta.
O que é mineração urbana?
Apesar de pouco explorada no Brasil, a mineração urbana é uma prática com grande potencial econômico. Trata-se da transformação de produtos pós-consumo em matéria-prima para a indústria — ou seja, um dos pilares da economia circular. A mineração urbana extrai destes materiais usados insumos que podem ser reutilizados. A mineração urbana permite a extração de metais ferrosos e não-ferrosos (ouro, prata, aluminio, cobre etc), elementos de disponibilidade finita na natureza. Mas não é só isso: dos resíduos eletrônicos podem ser retirados plásticos, vidros e outras matérias-primas importantes para a indústria.
Além de uma solução para o problema da escassez de recursos naturais, a mineração urbana é uma das alternativas para o problema do gasto de energia da indústria, uma das maiores responsáveis pela a emissão de CO2 na atmosfera. Isso porque 75% da energia e emissões de gases é gerada apenas na extração e refinamento da matéria-prima, com apenas 25% aplicado na produção em si (Ellen MacArthur Foundation). Ou seja, a reutilização de insumos é um caminho para uma lógica de produção menos nociva ao ambiente. Segundo a Comunidade Europeia, a reciclagem pode reduzir em torno de 20% a extração de insumos virgens para a indústria.
Importante ressaltar que as matérias-primas recicladas, ou de origem secundária, tem a mesma qualidade das de extração natural. Inclusive, estima-se que a mineração urbana é uma prática que pode fazer circular até 600 bilhões de euros na indústria europeia, entre 2012 e 2030, segundo o mesmo estudo mencionado acima. No Brasil, o aproveitamento dos componentes de resíduos eletrônicos poderia nos render cerca de 4 bilhões de reais.
Pré-requisitos para ser uma recicladora homologada da Green Eletron
Para garantir a segurança da cadeia, a Green Eletron tem altos padrões de homologação. São necessários alguns documentos, certificações e planos de ação por parte das candidatas, para que possam ser recicladoras oficiais da gestora. Além disso, é importante que as empresas estabeleçam meios de monitorar todos as etapas de sua cadeia de atuação, para garantir a rastreabilidade dos materiais desde a chegada à recicladora até a sua destinação final.
Fonte: Green Eletron
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