Inclusão: deficiência física
O aluno cadeirante precisa tirar tanto proveito da escola quanto os outros alunos, inclusive nas aulas de educação física
Reportagem de Texto Cynthia Costa
A inclusão de crianças com
deficiência física vai além da infraestrutura da escola - inclui
adaptações curriculares, tecnologias assistivas e acompanhantes
Ao entrar em um ambiente devidamente preparado para receber cadeirantes, logo procuramos por uma rampa. Mas incluir pessoas com deficiências físicas e/ou limitações motoras vai muito além disso, especialmente na escola, como aponta a cartilha do Ministério da Educação (MEC) que trata das deficiências físicas:
“A criança com deficiência física não pode estar em um mundo à parte
para desenvolver habilidades motoras. É preciso que ela receba os
benefícios tecnológicos e de reabilitação em constante interação com o ambiente ao qual ela pertence”.
Assim, o movimento de incluir alunos com deficiência física –lembrando-se que paralisia cerebral também configura esse tipo de deficiência – na escola regular tem sido cada vez maior e, aos poucos, o sistema educacional tem se adequado a essa demanda, sem perder de vista que a escola é lugar de todos, sem exceção, aprenderem.
“Encaminhamos os alunos à escola regular não para que eles permaneçam lá, simplesmente, mas para que possam aprender”, afirma a Profa. Dra. Roberta Galasso, coordenadora pedagógica da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente). Doutora em pedagogia e currículo, a profissional defende, ainda, não apenas uma adaptação no currículo, mas sim uma construção curricular de modo que atenda a todos. “Deve haver uma mediação, isto é, elementos que configurem um processo acessível ao aluno”, complementa.
Com ajuda de especialistas, o Educar traçou orientações gerais para que o aluno com deficiência física seja de fato incluído no contexto escolar. Veja a seguir.
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Assim, o movimento de incluir alunos com deficiência física –lembrando-se que paralisia cerebral também configura esse tipo de deficiência – na escola regular tem sido cada vez maior e, aos poucos, o sistema educacional tem se adequado a essa demanda, sem perder de vista que a escola é lugar de todos, sem exceção, aprenderem.
“Encaminhamos os alunos à escola regular não para que eles permaneçam lá, simplesmente, mas para que possam aprender”, afirma a Profa. Dra. Roberta Galasso, coordenadora pedagógica da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente). Doutora em pedagogia e currículo, a profissional defende, ainda, não apenas uma adaptação no currículo, mas sim uma construção curricular de modo que atenda a todos. “Deve haver uma mediação, isto é, elementos que configurem um processo acessível ao aluno”, complementa.
Com ajuda de especialistas, o Educar traçou orientações gerais para que o aluno com deficiência física seja de fato incluído no contexto escolar. Veja a seguir.
- 1.que são deficiências físicas?
- Segundo o MEC, considera-se que uma criança possui deficiência física quando ela apresenta uma alteração completa ou parcial de um dos segmentos do corpo, o que leva ao comprometimento de funções físicas (decorrentes de problemas nos sistemas nervoso, muscular e/ou esquelético). São consideradas, entre outras, deficiências físicas: paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, membros com deformidade congênita ou adquirida (não entram aqui deformidades de natureza puramente estética e/ou que não alteram o desempenho das funções). Assim, a falta de um membro ou a sua deformação ou malformação caracterizam esse tipo de deficiência. A paralisia cerebral - que varia de caso a caso e também pode apresentar alterações comportamentais e intelectuais - é considerada uma deficiência física.
- 2. Escola informada
- No caso de todas as deficiências, e também das deficiências físicas, é muito importante que a escola - a coordenação, os professores - tenha o máximo de informações possíveis sobre o caso em questão. Que tipos de sensibilidade (táteis, dolorosas) o aluno apresenta; como é a progressão/regressão/estabilidade de seu quadro; quais recursos realmente o ajudam a aprender etc. Para isso, a educação e a saúde devem estar próximas, com intercâmbio de informações entre os profissionais dos dois âmbitos. Há apenas uma ressalva: "Quanto mais informação, melhor. Mas o que a escola não pode fazer, uma vez em posse desses dados, é estigmatizar o aluno", alerta a Profa. Dra. Roberta Galasso.
- 3. Na sala de aula
- A respeito dos móveis e materiais didáticos, a Profa. Dra. Roberta Galasso, da AACD, dá uma dica: "Ver primeiro como o sujeito interage com os materiais para depois adaptá-los pode facilitar o processo". Preferencialmente, o aluno deve ficar nas primeiras fileiras ou bem no centro da sala, de forma que todos o vejam (e possam ajudá-lo, caso precise) e que ele participe ativamente da aula. O ideal (nem sempre praticável, é verdade) é que haja espaço suficiente para ele se locomover ali sem grandes dificuldades. Durante a aula, o professor deve estar ciente - e encarar com naturalidade - da necessidade desse aluno de auxílio ou de mais tempo para realizar uma determinada tarefa, o que pode ocorrer às vezes.
- 4. Estrutura arquitetônica da escola
- Para acomodar bem os alunos cadeirantes, é necessário que sejam feitos rebaixamentos nos meios-fios da entrada da escola e construídas rampas de acesso a todos os ambientes, além de sanitários que comportem cadeiras de rodas. Elevadores também ajudam, mas nem sempre são ideais, pois, como se houve falar com frequência, pode acontecer uma pane e o aluno perder aula por causa disso.
- 5. Tecnologias assistivas e Acompanhantes
- Máquinas de escrever especiais e computadores com softwares específicos ajudam pessoas com dificuldades motoras a escrever, assim como outras ferramentas, como ponteiras e recursos de voz. No caso de algum tipo de limitação nos membros superiores, é possível que o aluno necessite desses recursos, que são de seu direito (em dúvida, entre em contato com a secretaria de educação de seu município). Também é possível que a criança necessite de um acompanhante em sala de aula, para auxiliá-lo a expressar o que aprendeu. Nesse caso, são comuns os estagiários de pedagogia, que também se desenvolvem com a experiência.
- 6. Adaptações curriculares
- Dificuldades motoras, assim como de ordem intelectual/mental, podem exigir adaptações curriculares, especialmente nas aulas de educação física - cujas adaptações ainda são incipientes nas escolas regulares. "É hora, então, de desconstruir o conceito de competição e trabalhar com a cooperação", ressalta a Profa. Dra. Roberta Galasso, da AACD. Pode-se, por exemplo, usar uma bexiga em vez de uma bola para jogar vôlei, de modo que o aluno cadeirante vivencie também esse esporte.
- 7. Saídas da escola
- Um ponto essencial: não adianta levar o aluno cadeirante na excursão se, ao chegar ao local, ele não terá, como os outros, acesso a toda a visita ou à atividade. É imprescindível que esse acesso seja verificado com antecedência pelo professor: o museu tem rampas e/ou elevador? O esporte oferece uma forma de adaptação para pessoas com deficiência física? Há local reservado a cadeiras de rodas no teatro? Nesse ponto, não há negociação: o aluno tem de participar da atividade como todos os outros - por isso, tenha em mente que a escolha do destino depende desses critérios. Essa também é uma forma de estimular a acessibilidade na sociedade em geral, exigindo adaptações em todos os locais.
- 8. Todos são iguais em sua diferença
- O aluno com deficiência, exceto por auxílios específicos de que ele realmente precise, não deve ser tratado de forma distinta. A classe acaba integrando o colega cadeirante com naturalidade e o ajudando sempre que necessário - é importante deixar claro, aliás, que não há problema algum em ajudar um coleguinha em dificuldade, tenha ele alguma deficiência ou não. "O cultivo da cooperação traz ao grupo valores que precisam ser resgatados em nossa sociedade", finaliza a Profa. Dra. Roberta Galasso.
- Fonte: Educar Para Crescer
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